Festa Nacional da Artilharia - FENART - 2018
Santa Maria (RS) – O 3º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado - Regimento Mallet, realizou na noite do último dia 09 de Junho de 2018, a Festa Nacional da Artilharia em comemoração ao 217º aniversário do Patrono da Artilharia, o insigne Marechal Emílio Luiz Mallet, “Barão de Itapevi”.
O evento, dentre outras coisas, objetiva cultuar os valores históricos e culturais legados pelos heróis da nossa história, ao mesmo tempo em que enaltece a Artilharia Brasileira do passado, do presente e do futuro, congregando artilheiros da ativa, da reserva, futuros artilheiros e demais militares.
A comemoração trouxe ao público uma encenação da vida do Marechal Mallet e da Batalha de Tuiuti, a maior batalha campal da América Latina e de fundamental importância para os propósitos dos Países aliados durante a Guerra da Tríplice Aliança.
A encenação, que contou com aproximadamente 180 militares, 30 cavalos, 13 obuseiros (dentre os modelos M108 AP e M101 AR) e 30 fuzis, foi presidida pelo Comandante Militar do Sul, General de Exército Geraldo Antonio Miotto e contou com a participação de mais de 20 Oficiais Generais; do Prefeito de Santa Maria, Jorge Cladistone Pozzobom; autoridades civis e militares; Artilheiros de diversos locais do país e foi prestigiada por grande público que lotou as arquibancadas instaladas para a assistência.
O início da apresentação conta com um desfile da Bateria Histórica representando o Regimento de Artilharia a Cavalo (1o RACav) de 1851 que, sob o Comando do então Capitão Mallet, com uniformes e armamentos históricos, desloca-se a passo lento, representando o caminhavar com dificuldade e com lama até o joelho, ficando com passo tardo, semelhante aos bois que tracionavam as peças de artilharia. Por este fato, os integrantes do 1o RACav, ficaram conhecidos como “os bois de botas”. Em seguida, relembrando fato que ocorreu em 1864 quando o Tenente-Coronel Mallet conduziu sua Unidade para a campanha contra Aguirre em solo Uruguaio, o Comandante Mallet, juntamente com seu Estado-Maior, passaram pela réplica do pórtico histórico do 1o RACav.
A encenação da Batalha de Tuiuti, mostrou fatos históricos ocorridos em maio de 1866, quando o Tenente-Coronel Mallet, demonstrando sua grande visão de líder e conhecedor da arte da guerra, escolheu uma posição da artilharia em local de descortino da zona de ação, determinando que durante a noite fosse aberto em toda frente, largo e profundo fosso e que as terras que resultassem da escavação deveriam ser espalhadas de modo a não formarem parapeito que desse a perceber ao inimigo que estavam fortificados. Ao final da ordem dada a seus Capitães, finalizou dizendo a célebre frase: “e eles que venham!!!”.
Ao amanhecer do dia 24 de maio de 1866, prenúncio de um dia histórico, árduo e de grandes embates, o inimigo lança-se impetuoso contra as posições aliadas, e Mallet exclama: “os primeiros são para o fosso, que tanto trabalho nos deu!”. Quando começa a fuga das tropas inimigas, Mallet em tom de quem fala com grande convicção, exclama: “por aquí não entram!!!”. Sua Artilharia foi tão ágil e precisa que ficou conhecida como "artilharia a revólver" e seus feitos como comandante e líder o consagraram como um dos Oficiais do Exército Brasileiro que prestaram os mais assinalados serviços na Campanha da Tríplice Aliança.
Destaque da encenação, todos os presentes foram convidados a participar de uma das mais caras tradições da Arma da Artilharia: “o brinde do copo d`água”. Mallet o realizava com o objetivo de unir sua tropa e sempre que possuía visitantes ilustres, pois a água, durante a Guerra do Paraguai, era de difícil obtenção em virtude dos campos pantanosos e da cólera que assolava os militares, contaminava o solo e fontes de água. Para tentar resolver o problema, o Exército Imperial importava água do Brasil, utilizando charretes e carroças que eram tracionadas por bois e cavalos.
No prosseguimento, a espada de gala que outrora pertenceu ao Patrono da Artilharia e que agora integra o acervo histórico do “Memorial Marechal Mallet”, foi depositada junto ao Mausoléu, que desde 1995 abriga os restos mortais do Marechal Mallet e sua esposa Joaquina Castorina de Medeiros Mallet. O General Miotto, juntamente com o General de Exército Luiz Seldon da Silva Muniz e descendentes do Marechal, depositaram uma corbélia de flores junto à “Cripta Mortuária” do Marechal Emílio Luiz Mallet.
Representando a Artilharia de ontem, de hoje e de amanhã, os Artilheiros da ativa e da reserva, os alunos do Curso de Artilharia do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de Porto Alegre e os alunos do Grêmio da Artilharia dos Colégios Militares de Santa Maria e de Porto Alegre, desfilaram em homenagem ao Patrono da Artilharia.
Em seguida, dois obuseiros 105 milímetros M108 autopropulsados, foram posicionados em frente ao palanque das autoridades para realização de um tiro de salva, marcando sua última participação na FENART, uma vez que serão substituídos pelo novo material M109 A5 PLUS Br. Os Generais de Exército José Carlos de Nardi e Antônio Hamilton Martins Mourão mobiliaram as peças, e o comando de fogo foi dado pelo General Muniz, Oficial General da turma mais antiga presente no evento.
“Digo-te então: erraste a vocação!!! Para trás, inditoso companheiro!!! Não poderás nunca ser um ARTILHEIRO!” são os versos finais do poema “Se”, tradicional poema da Artilharia Brasileira, conduzido pelo Tenente Mallet, descendente de 7a geração do Marechal Mallet, entoado por todos os Artilheiros presentes, antecedendo o encerramento da cerimônia, que ocorreu com o canto da Canção da Artilharia.
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